nos meus estudos de lacan, tenho estado intrigado na assintótica como uma forma de representar aquilo que não pode ser escrito (real).

por exemplo, os números naturais são infinitos. logo levaríamos uma eternidade para escrevê-los, ou seja impossível. mas assim mesmo escrevemos, simbolizamos: (1,2,3,4…) .

o campo simbólico possui ferramentas para contornarmos o real, ainda que não adentremos nele e a matemática nos mostra isso.

isso é interessante de um ponto de vista hegeliano, já que a Coisa em si seria impossível de ser capturada, tal qual o método dialético, já que a captura é em geral uma forma de parcializar o universo, objetificando aquilo que é sujeito, no caso, a história, o espírito.

por exemplo, sabemos que a revolução francesa, a russa, a cubana, são todos processos históricos decorrente de uma dialética e portanto poderíamos tentar formalizar seus elementos e tentar descrever uma metodologia que nos permitisse adentrar no mesmo para sua reprodução nos tempos atuais.

isso é possível, mas apenas de maneira assintótica, ou seja, contornando o real se nunca de fato adentrar nele, já que a captura do momento do instante da revolução de fato, só seria possível no tempo da revolução de fato. e em retrospecto tudo pareceria ter sido orientado para aquele evento específico acontecesse (semelhante ao tempo lógico de Lacan).

isso significa que a perspectiva assintótica é uma linguagem para o real, mas sem entrar no real de fato.

também é ilustrativa a conjectura de que a soma de todos os números inteiros naturais seja -1/12 (https://www.youtube.com/watch?v=w-I6XTVZXww&pp=ugMICgJwdBABGAHKBQUtMS8xMg%3D%3D). se a soma parasse no número 10.000, não obteremos -1/12. É apenas na infinitude que obtemos tal número absurdo. aliás nada mais real do que a absurdez que a soma de números positivos inteiros seja um número negativo e fracionado ainda por cima.

mas a assintótica não é seria um método reservado à estudiosos, mas sim a essência da própria maneira de como todos os seres humanos operam no mundo. há uma dimensão de impossível e de infinito que nos defrontamos a todo momento e que de maneira assintótica reduzimos à significantes (aquilo que significa algo, como uma palavra) e trabalhamos com aquilo, mesmo sem sermos capazes de de fato capturar.

seria a assintótica uma forma de conter o real? talvez seja a própria coisa que nos permite sermos sujeitos, já que inundados pela violência do real, seríamos reduzidos a meras pedras rolando a montanha. aqui puxo a ideia de que a diferença entre o sujeito (pessoa) e o não-sujeito (pedra) é que a pedra, frente ao real (gravidade) não tem como negar a rolar a montanha. já o sujeito, de alguma forma, diz um não ao real e consegue negar a realidade física. ou seja, o sujeito é constituído pela negação. sendo o real o impossível (de ser apreendido, de fazer sentido), o sujeito então é a negação de uma impossibilidade.

são devaneios…