Por Beto Palmeira
Recentemente, foi noticiado pela grande imprensa uma entrevista dada pelo presidente da empresa iFood, Fabrício Bloisi, em que ele afirma que “em 10 anos ninguém vai mais cozinhar”. O CEO indicou que a empresa trabalha com a projeção de uma mudança de hábitos profunda na sociedade brasileira.
Tudo que foi colocado no texto é verdade.
Mas o autor do texto, que assina com nome masculino, esquece-se de que enquanto cozinhar é um ato de resistência contra o delivery, quem cozinha está exausta.
São em geral as mulheres que cozinham, as mesmas que trabalham fora de casa e se desdobram para exercer papéis de cuidado de crianças, idosos e outras pessoas que demandem mais cuidados.
Cozinhar não é só flores, é cansaço, é trabalho não-remunerado, é trabalho generificado.
Temos que tomar cuidado com isso ao escrever nossos textos.
É exatamente isso. A indústria do fastfood e dos ultraprocessados prolifera e triunfa onde as pessoas estão permanentemente exaustas e simplesmente sobrevivem. Ou seja, esse é um sintoma, e não a causa.